quarta-feira, 3 de junho de 2015

VIOLÊNCIA NA ESCOLA

A escola de ensino fundamental e médio no Brasil tem passado por momentos de vexame e desespero. O aluno não mais respeita o professor e este não tem a quem recorrer quando um aluno o desaponta ou o agride verbal e/ou fisicamente. O professor fica numa situação difícil por não saber por onde começar e resolver o problema. Se procura o Núcleo Gestor, nada é resolvido, resultando, apenas, numa simples advertência ao aluno. Se resolve falar sobre o problema para a mãe, que é a pessoa que sempre vai à escola (quando é chamada para resolver atritos do filho com outros), ela já se apresenta toda “armada”, defendendo-o, afirmando que seu filho é incapaz de cometer tais rebeldias seja em que lugar for. Fica, então, a palavra do professor contra a palavra do aluno. E por aí vai... As insubordinações na sala de aula continuam em todas as disciplinas, com quaisquer que sejam os professores, até aqueles com mais experiência no magistério.
As atrocidades que acontecem nas escolas são as mais diversas possíveis. Exemplos são muitos. Alunos brigam com alunos a tapas, dão “cadeiradas” uns nos outros, brigam usando arma branca, como faca e canivete. O aluno desrespeita os colegas, professores, coordenadores e até o próprio Núcleo Gestor. Numa escola em Sobral, já houve tiros de revólver envolvendo alunos e professores. Em outra escola, um aluno chegou a agredir o diretor; noutra, um aluno esfaqueou outro aluno e em outra situação, um adolescente pulou o muro da escola e chegou a matar um aluno a facadas. Uma diretora de uma escola de ensino fundamental em Mucambo chegou a me dizer que as escolas só poderão funcionar sem essas barbaridades se todas tiverem apoio da polícia continuamente, pois é inacreditável o desrespeito que existe para com os professores e diretores. Todos os dias acontecem casos de violência nas escolas.
E aí, o que podemos fazer para pôr fim a essas barbáries que acontecem nas escolas do Brasil? Vamos apresentar parte de “um texto bastante curioso do início do século (1922) intitulado Recomendações Disciplinares, que demonstra claramente os ideais disciplinares de então.” (Júlio Aquino – 1996).
“Os alunos deverão andar sempre sem arrastar os pés... Em classe a disciplina deverá ser severa: os alumnos manterão entre si silêncio absoluto; não poderá estar de pé mais de um alumno; não deverão ser atirados ao chão papeis ou quaisquer cousas que prejudiquem o asseio da sala;
No recreio a disciplina é ainda necessária para que elle se torne agradavel aos alumnos bem comportados: serão retirados do recreio ou soffrerão a pena necessária os alumnos que gritarem, fizerem correrias, damnificarem as plantas ou prejudicarem o asseio do pateo com papeis, cascas de fructas, etc.; deverão os alumnos no fim do recreio formar com calma sem correrias, pois que o toque de campainha é dado com antecedência necessária; não poderão tomar água nas mãos; a escola fornece copos aos alunos que não trazem o de seu uso.
Ao findarem os trabalhos do dia, cada classe seguirá em forma e em silencio até a escada da entrada, e só descida esta, se dispersarão os alumnos.” (Braune apud Moraes, 1922, PP.9-10).
Ora, é claro que essas Recomendações Disciplinares, à que a autora se refere, o que não é difícil de constatar, eram impostas à base do castigo ou da ameaça dele; segundo a autora, de acordo com as “penas necessárias”. Medo, coação, subserviência. Essa estrutura educacional era espelhada num quartel.
Isso seria o ideal nos dias de hoje? A escola de hoje funcionaria bem com essas “Recomendações Disciplinares” citadas pela autora Braune Moraes? Claro que não, porque vivemos numa crescente democratização política no Brasil, e, acrescente-se, foi criada uma desmilitarização nas relações sociais. Nas escolas militares ainda funcionam essas relações entre professores e alunos, mas nas escolas públicas de ensino fundamental e médio a realidade é outra totalmente diferente.
Para que a escola pública diminua ou ponha fim a essa violência, seria necessário implementar algumas regras: atenuar a carga horária, fazendo a fusão do currículo de algumas disciplinas, a exemplo de geografia e sociologia; aumentar a carga horária de português e matemática; reprovar o aluno do 1º. Ano, enquanto não dominasse bem a leitura, a escrita e a matemática; dar autoridade diferenciada ao professor; realizar reuniões mensais com os pais e informar a situação do aluno àqueles pais ausentes às referidas reuniões; coibir algumas atitudes do aluno; contar com a presença contínua do Conselho Tutelar; ter um sistema de vigilância militar, pelo menos três vezes por semana, para inibir os mais ousados no uso da violência, os traficantes e/ou usuários de drogas.
As ideias citadas acima podem enriquecer o debate que visa à melhoria da escola pública, contribuindo para o combate à violência e à evasão escolar. Estamos atrasados em torno desse debate, em todo o País, sobre os rumos da educação brasileira. Como afirmou o deputado Professor Teodoro Soares no semanário Correio da Semana em um de seus artigos: “Tanto pela relevância como pelas circunstâncias, a educação deveria ser o primeiro tema a ser discutido com a oposição e também os aliados no Congresso e abranger toda a sociedade.” Complementando, segundo a educadora Maria Alice Setúbal, “é hora de colocar a causa de um país mais justo para os jovens acima das diferenças partidárias.”


Prof. Salmito Campos, jornalista – RP: 3079-CE

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